O Estrangeiro e o estranhamento na obra de Camus
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Albert Camus, 1913-1960. |
O Estrangeiro é o pequeno grande
romance de Albert Camus (1913-1960). Escrito em 1942, passa-se na Argélia, país natal do autor, Prêmio Nobel em 1957.
O livro de 126 páginas é o primeiro da sua Trilogia do Absurdo, completa pelo ensaio Mito de Sísifo e o drama Calígula.
O romance inicia com o recebimento da notícia da morte de sua mãe, por Mersault, o personagem
principal. Todo o estranhamento causado pela atmosfera absurda da história começa aí. O homem, assim que informado do fato, por telegrama, se pergunta se a mensagem “Sua mãe faleceu” se referiria a hoje mesmo ou ontem; em seguida lembra-se da
necessidade de uma gravata preta, que trata de tomar emprestada junto a
algum fumo para a viagem.
Já no velório, seus pensamentos narram com precisão
detalhes das expressões dos demais presentes, o cansaço que sente, o sono, o
calor, o sabor do café que é sorvido, o cigarro que traga. A narrativa pragmática e sensorial dos fatos traz ao leitor, inicialmente, uma sensação de distorção
de valores, mas aos poucos, vai se tornando tão naturalmente sincera, que
não é possível categorizar o personagem como herói ou anti-herói.

Tudo em O Estrangeiro leva a pensar sobre a nossa incapacidade de compreendermos os motivos ou a falta de motivos que
movem as ações do outro. Esse romance é uma pausa para a reflexão a respeito dos tão corriqueiros julgamentos instantâneos sobre as ações alheias.
Além do livro, uma opção
interessante é também assistir à adaptação franco-italiana feita para o
cinema em 1967, de direção de Luchino Visconti. Está disponível nesse link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=byPg1GbiUlg
Por Jéssica Bueno - Bolsita PET-Feevale
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