Resenha do livro "Vidas desperdiçadas" de Zygmunt Bauman
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNBdgXwqTVlwcHZy06D4NxwZyP1wUPc3WUML5NJmEainhwdDRCvD57DWJh7lujgilPLu36Q4URJioQI07-Sb3IrMqqwueJt7Y5Yh6Ri9t_8XOruOjJXKFQu5Nltqr6oE5K4sTCIuZ5TjNW/s320/bauman.jpg)
Uma das marcas presentes em várias páginas do livro é a conscientização de que nosso planeta está cheio dos meios usados pelos habitantes para viver, e não cheio de gente. Essa saturação deixa seus rastros perigosos para o ambiente – como o problema do lixo –, além da constante necessidade de acompanhar as tendências de uma sociedade consumista. Há algum tempo, é visto que o consumo está muito relacionado à felicidade e à satisfação. No entanto, percebe-se também que tudo é consumido muito rapidamente e impulsivamente – um vício –, e que, para muitas pessoas, a suposta solução para suprir essa necessidade seria comprar cada vez mais. O que muitos não se dão conta é que não existe um motivo para tais buscas senão a de se sentir pertencente a essa sociedade.
Junto a essa explanação, chega-se ao conceito de refugo humano (ou seres humanos refugados), já explicada nas primeiras páginas do livro. Esse conceito se refere a algo inevitável da modernização: as pessoas que não se encaixam nas demandas para conviver e ser útil ao mercado consumidor, sendo a globalização contribuinte nesse processo, uma vez que a pessoa, ao não colaborar, não faz parte da sociedade. No livro, há um destaque à geração X, sendo esta a que sofre os efeitos dos diferentes problemas vivenciados pelas gerações anteriores, como a depressão, difundida com a confusão, a desorientação e a perplexidade, conforme relatado no capítulo “No começo era o projeto”. Fica a dúvida na mente do leitor se a tendência é piorar ou se há uma solução para os problemas que enfrentamos.
As sociedades se estabelecem através de condições – as passadas, com mais clareza – que ficam gravadas nos sujeitos pertencentes a elas. Se analisarmos o livro de forma fria, vemos que não faz sentido o nosso modo de sobrevivência, principalmente na comparação entre natureza, mineração e ação humana. Além disso, é destacada a transformação do mundo que cresce junto com a modernização. Não se pode negar que muitas mudanças que acontecem ajudaram muito o desenvolvimento mundial, preconceitos que são considerados horrendos hoje vêm em decorrência dessas mudanças realizada por alguns movimentos que, na época, não eram tão bem aceitos. Ou seja, há benefícios.
Higienização é basicamente o que acontece nas nossas sociedades, mesmo que exista um movimento que lentamente lute por essas minorias e que, às vezes, passam por despercebidas. O fato é que há um excesso de informação que é pesado demais para ser destinada aos cérebros, o que pode ser inútil se não bem filtrado, podendo somar mais um ponto negativo. A exclusão, decorrente desta higienização, faz diminuir o ser humano, o que contribui para o objetivo da prática. Em poucas páginas, foram citados os coletadores de lixo, que são descriminados no nosso círculo - justamente eles, que possuem um papel importante para o meio ambiente, e que, embora não reconhecido por todos, contribuem também na economia. No entanto, não é isso que as comunidades querem: o que se deseja é o dinheiro, os eletrônicos, as roupas de marcas e tudo que seja tendência, para, depois de algum tempo, descartar – porque alguém, que não se sabe quem, vai consumir com isso –, para depois repetir o processo quantas vezes for preciso.
A leitura desperta questionamentos e indignação sobre a atual situação nacional e internacional. Por vezes, surge a vontade de largar tudo e a sensação de incompetência, de aprisionamento, de comodismo... Mas, por outro lado, este assunto se apresenta como o começo de um movimento para “abrir de olhos” das populações às reais necessidades enfrentadas por muitas pessoas e uma base para muitas mudanças que precisam acontecer no mundo. Apesar de ser algo demorado e difícil, ainda não se pode dizer que as esperanças estão mortas, já que este é um compromisso social a ser cada vez mais aprofundado por profissionais atuantes nesse âmbito e pessoas interessadas em sair da área de conforto.
Texto: Gilson Leonardo Barth
Texto: Gilson Leonardo Barth
Comentários
Postar um comentário