Zeitgeist – O espírito do tempo


O documentário Zeitgeist, disponível no youtubeé uma obra que denuncia mitos sobre os quais a sociedade moderna foi construída e continua sendo moldada nos dias de hoje, raízes de muitos dos problemas que o ser humano enfrenta atualmente. O termo alemão Zeitgeist pode ser lido como o espírito do tempo, ou, da época; em outras palavras, um conjunto de saberes, de conhecimentos acumulados. O documentário defende que  este é o momento de tudo isso ser revisto e repensado de forma a conduzir a novos rumos, objetivando a criação de uma sociedade “pacífica, responsável e sustentável”.
                A denúncia passa por mitos como o “11 de Setembro”, questionando a versão oficial dos fatos, em que o atentado teria sido arquitetado e praticado pela Al Qaeda.  Defende que o terrorismo culpado pelo ataque às Torres Gêmêas do World Trade Center não passa de fantasia criada e financiada pelo governo americano, com intuito único de aterrorizar a sociedade americana e uni-la contra o “outro”; melhor maneira de legitimar toda e qualquer ação violenta do “superprotetor” Estado norte-americano, que enquanto ataca, continuando seu projeto de expansão imperialista.
Outro tema abordado é, como, por volta de 300 anos D.C., o imperador Constantinos, de Roma, iniciou uma série de pregações de doutrinas cristãs com intuito de dominação política, em nome das quais uma história de violência, dominação e infinitas guerras inicia, e ainda de que forma, após isso, o Vaticano inicia sua dominação Europa a fora, através das Cruzadas e da Santa Inquisição, em nome de Cristo. Tudo revisto a partir das origens da Bíblia, inspirada em mitos pagãos datados de mais de três mil anos antes de sua produção, e das origens do Cristianismo, mostrando como um mito milenar, transformado com intuitos políticos, pode iludir e conduzir à adoração cega e irracional de um conceito, de uma verdade lançada como absoluta e inquestionável. 
          O documentário demonstra ainda, estratagemas tais qual a entrada dos Estados Unidos na Primeira e na Segunda Guerra Mundiais, bem como na Guerra do Vietnã e o arranjo das Guerras do Afeganistão e do Iraque, que foram usadas de maneira a gerar maior expansão e dominação financeira e política por parte da grande potência mundial. Mas o ponto mais importante desse filme não é as respostas que dá, e sim a maneira como expõe o fato de haver muitas perguntas a serem feitas; e ele faz isso com maestria. Não é necessário que aceitemos cada uma de suas respostas como verdadeiras, mas é míster que sigamos o exemplo do movimento Zeitgeist, no caminho de questionamento das verdades que nos são impostaatravés dos aparelhos de dominação, a TV, os jornais, a Igreja e a própria educação formal à qual somos condicionados, verdades essas nas quais comodamente cremos e defendemos. Para que não deixemos o mundo tão grande e plural ser dominado e manipulado por uma minoria tão torpe e egoísta, mas de igual forma, poderosa, é preciso que nos acordemos para a existência da dominação diária e permanente que nos é imposta. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"A chegada" e o amor fati de Nietzsche

Uzumaki: O terror em espiral de Junji Ito

Resenha do livro "Vidas desperdiçadas" de Zygmunt Bauman