O Mundo de Sofia
“O Mundo de
Sofia”, escrito em 1995 por Jostein Gaarden, conta a história de uma menina que
está prestes a completar 15 anos, e que recebe, de forma misteriosa, cartas de
um remetente desconhecido. A primeira delas contém, simplesmente, a seguinte
pergunta: “Quem é você?”. Ao mesmo tempo, ela começa a receber cartões postais
de um major do Líbano, mas este explica que, embora esteja se dirigindo à Sofia, as correspondências são destinadas à sua filha, Hilde, de quem Sofia não sabe
absolutamente nada, mas a quem ela deve procurar a fim de entregar os postais.
Sem entender por que as cartas e os postais estão vindo parar em sua caixa de
correio, ela os vai lendo um após o outro. Somado a isso, há outro fato
curioso: embora Sofia desconheça os
remetentes, percebe que eles a conhecem muito bem.
O autor da
primeira carta revela que está enviando a ela um manual de Filosofia, o qual vai
sendo contextualizado às vivências da própria Sofia. Inicialmente, o filósofo
faz questionamentos sobre a origem do planeta em que vivemos e de seu criador,
questões até então silenciadas, tidas como resolvidas pela menina. Após incitar
alguns questionamentos, ele explica que não é possível encontrar respostas
absolutas para as perguntas da Filosofia e que cada um deve encontrar a sua resposta, mas que estudar o que pessoas de diferentes épocas e com diferentes visões sobre o
mundo pensaram pode ser útil na construção de nossas próprias visões.
O filósofo faz,
também, uma interessante comparação ao dizer que nós, em relação ao mundo,
somos como os coelhinhos que são tirados da cartola de um mágico, com a
diferença de que os coelhos não sabem que estão inseridos em um truque de
mágica, enquanto nós sabemos que estamos inseridos em algo misterioso, e que,
eventualmente, somos curiosos para descobrir o que constitui e como funciona
esse algo. Indo um pouco além, diz que poderíamos nos considerar como os seres
microscópicos que vivem em meio à pelagem do coelho; e que, entre nós, apenas os
filósofos saem para a superfície desses pelos em busca de respostas acerca o
universo.
Explica, ainda,
que os seres que procuram a luz da superfície, ou seja, as pessoas que pensam e
agem filosoficamente, têm algo em comum com os bebês: ambos possuem a
capacidade de se admirar com as coisas. Tal capacidade, por sua vez, em
contraste com a noção de que o mundo é um fenômeno evidente, caracteriza um
verdadeiro filósofo. E ao final de suas primeiras lições de Filosofia, a menina
dialoga com sua mãe, questionando-a sobre seu posicionamento perante o mundo; Sofia
pergunta à mãe se ela não pensa que a vida é uma coisa absolutamente
extraordinária, ao que a mulher responde sem pestanejar que não, e, pelo
contrário, que ela acha o mundo uma coisa absolutamente normal.
Assim, Sofia
comprova que o filósofo tinha razão, que os adultos consideram a vida algo
evidente, não conseguindo mais se admirar com as coisas. É dessa forma que “O Mundo de Sofia” mostra, de
forma desembaraçada e instigante, reflexões através do quotidiano em que Sofia
se insere, mas que poderia muito bem ser o de qualquer pessoa comum, tornando
possíveis novas visões e a recriação de novos caminhos a partir do pensamento
reflexivo e criativo relacionado às problemáticas que cercam quotidianos aparentemente
comuns.
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