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Mostrando postagens de maio, 2020

"Solidão" e "Não te amo mais", de Clarice Lispector

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Por Bruna Espíndula Analisei dois poemas da escritora Clarice Lispector: “Solidão" e "Não te amo mais”. O que mais me chamou a atenção, além do sentimento de “solidão”, é o fato de que o adulto sofre com o amor de uma forma singular: ao mesmo tempo que viver sem ele traz tristeza, esses sentimentos parecem andar junto com a felicidade, sendo eles dependentes uns do outros. Outro aspecto que está presente em seus trabalhos é o adulto como um ser triste e solitário, ideia que Clarice coloca em uma entrevista para Júlio Lerner, na TV Cultura, em 1977. Solidão Que minha solidão me sirva de companhia. que eu tenha a coragem de me enfrentar. que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Para Clarice, a criança se diferencia do adulto porque possui a “fantasia solta”. Nesse sentido, a criança não convive com as amarras e os dogmas próprios da sociedade adulta, pois está imersa no seu mundo de fantasia, o que possibilita escapes da reali...

A volta ao ovo e à galinha

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Por Iago Ramon Möller Em fevereiro de 1977, Clarice Lispector concedeu à TV Cultura uma entrevista que eternizaria seu semblante blasé no imaginário brasileiro (ainda que as novas gerações talvez a liguem mais aos breves excertos espraidos redes sociais afora, tendência da qual Caio Fernando Abreu e Charles Bukowski também foram vítimas em determinadas épocas).  Durante a conversa, Júlio Lerner questiona à Clarice se ela se considera uma escritora popular. A autora responde: “Não. Me chamam até de hermética, como eu posso ser popular? [...] Eu me compreendo, de modo que não sou hermética para mim… Bom, tem um conto meu que eu não compreendo muito bem. [...] O ovo e a galinha ”. Logo depois, revela que esse é também um de seus “filhos” favoritos, que é um mistério para ela. O ovo e a galinha , agora publicado também na coletânea Todos os contos (Rocco, 2016, 656 p.), não é um mistério apenas para Clarice. Uma busca na plataforma Google Acadêmico revela aproximadamente 1.530 r...

"Como Nasceram as Estrelas", de Clarice Lispector

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Resenha produzida por Síntia de Ávila Os pequenos e os crescidos já se perguntaram um dia: “As estrelas vem de onde?”. Clarice Lispector adentra o imaginário infantil para responder essa pergunta. O livro infanto-juvenil traz doze pequenos textos sobre as lendas brasileiras. Essa obra foi lançada originalmente em 1977, encomendada por uma fábrica de brinquedos para a montagem de um calendário. Em 2014, a editora Rocco fez uma nova edição contendo 60 páginas, em capa dura e com desenhos maravilhosos da ilustradora Suryara. É indicado para crianças a partir de 6 anos. Afinal, como nasceram as estrelas? Esse conto relata que nem sempre o céu foi iluminado, que tudo começou em uma aldeia. Os homens índios pescavam, caçavam e guerreavam fora da aldeia, mas, quando retornavam, não faziam nada para cooperar com as mulheres, queriam apenas dormir e ficar na roda de conversa, enquanto as mulheres deveriam preparar as refeições de todos. Certa vez, faltou comida na aldeia e as mul...