Síntese de palestra sobre Paulo Freire


Apresentação: Profª Drª Lovani Volmer (Universidade Feevale) e acadêmica Pietra da Ros (Universidade Feevale)

Data: 06 de abril de 2021

Por Bruno Eduardo da Silva

O encontro foi dirigido pela professora Lovani Volmer, do curso de Pedagogia, e pela acadêmica Pietra Da Ros, do Curso de Letras/Inglês. Ambas trouxeram a pauta da importância das concepções freirianas na contemporaneidade, falando sobre as colaborações de Paulo Freire para nossa sociedade. 

Primeiramente, através de uma dinâmica com um vídeo que acompanha os trilhos de uma “montanha russa” (brinquedo de parque de diversões), a professora Lovani colocou que estudar Paulo Freire é uma aventura e experiência subjetiva, podendo ser um momento compartilhado com mais pessoas em diálogo. A proposta do encontro foi apresentar uma perspectiva acerca das inquietações do lugar de docente a partir da obra “A pedagogia da autonomia”, de Paulo Freire.

A fala começou pela aluna Pietra, que trouxe um material referente à perspectiva de Paulo Freire sobre a educação, comentando seu histórico, suas produções e os conceitos por ele trabalhados. O material incluiu um vídeo que mostra como o ambiente de sala de aula permaneceu igual no decorrer do tempo, além de explorar os significados de pedagogia e autonomia segundo o dicionário e a maneira que Paulo Freire faz as relações com estes conceitos. A primeira relação seria a de aluno-professor, onde ninguém sabe tudo e o professor não é o dono do conhecimento, como nas escolas tradicionais. Numa segunda relação, o conhecimento é construído coletivamente, sendo facilitado pelo professor, responsável por despertar a curiosidade do aluno.

Freire aborda as consequências da neutralidade: quando não se tem atitude e posicionamento, permite-se que os eventos e julgamentos passem como legítimos. Assim, a acadêmica trouxe alguns exemplos de frases discriminatórias utilizadas no dia a dia. 

O foco do debate do autor é a sala de aula, mas seus discursos servem para todos na sociedade que possuem dificuldade em compreender o mundo a sua volta, pois é justamente esse não compreender que prejudica suas visões de mundo. Também discutiu-se a liberdade de cátedra, princípio legal que assegura o ato de aprender, expressar, ensinar e opinar, e a relação de liberdade de expressão com discurso de ódio, que vai contra os direitos da humanidade. 

Pietra trouxe algumas reflexões de Paulo Freire discutidas no livro, como, por exemplo, a luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade, que deve ser entendida como um momento importante tanto enquanto prática docente quanto ética. Ela relacionou essas colocações com as suas vivencias e práticas enquanto professora, argumentando sobre a importância que um docente tem na vida de um educando, que, dependendo da atitude ou do olhar, marca uma vida durante muitos anos.

Além de político, o professor é um ser humano: ele não só ensina, mas também aprende com pessoas jovens ou adultas, que estão em um constante processo de busca. 

Pietra terminou sua fala com dois questionamentos que devemos sempre fazer sobre nossas práticas: “Por que faço o que faço? Por que faço do jeito que faço?”

No final, a professora Lovani trouxe uma reflexão para os bolsistas do Programa de Educação Tutorial: “Por que estou no PET? No que o PET fará de mim um estudante diferente?”. Assim, cabe a cada um refletir sobre as possibilidades e as oportunidades desse espaço na vida acadêmica, no que ele acrescenta à singularidade de cada um. 

A discussão da aula seguiu em comentários de exemplos práticos, como a implantação de uma escola cívico-militar em Novo Hamburgo, propagandas de televisão, entre outros, e com reflexão sobre os espaços em aberto na sociedade, que, por sua neutralidade, deixam existir posicionamentos e falas que discriminam e ignoram os direitos humanos.

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