Última parada 174

Por Gilson Leonardo Barth

No âmbito da violência, o mais comum é que sejam vistas como vítimas aquelas pessoas que sofrem agressão de outras. Há, no entanto, uma discussão social sobre infratores da lei também serem considerados vítimas em função da situação na qual são postos durante seu desenvolvimento. Esse é o caso de Ale, protagonista do filme “Última parada 174”.  

A obra retrata a realidade vivida por muitas crianças e adolescentes todos os dias e problemas sociais de forte relevância na nossa coletividade. Os roubos, o uso de drogas, as agressões e até o homicídio cometido por Ale são bem comuns na nossa sociedade, onde crianças e adolescentes, ao optar pelo meio mais acessível, se submetem a atos infracionais para se manterem vivos diante das poucas possibilidades que possuem para uma vida digna e merecida.

O quadro da vida de Ale é o de uma criança que teve a mãe assinada e passa a morar com seus tios, onde vive situações de violência e negligência. O protagonista não parece ter sido compreendido pelas pessoas de sua comunidade e busca laços com novos indivíduos para ter uma vida diferente da que vivera. 

Quando passa a conviver com outros meninos de rua, Ale cria novos valores e encontra uma forma de levar a vida mais próxima de suas necessidades ou de maiores possibilidades naquele momento. O desfecho do filme revela a morte de uma passageira de ônibus assassinada por Ale, história real ocorrida no ano 2000 e de grande repercussão na mídia brasileira.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"A chegada" e o amor fati de Nietzsche

Uzumaki: O terror em espiral de Junji Ito

Resenha do livro "Vidas desperdiçadas" de Zygmunt Bauman