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Mostrando postagens de janeiro, 2021

"A chegada" e o amor fati de Nietzsche

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Por Iago Ramon Möller Recentemente, tive o prazer de reassistir "A chegada", que está disponível na Netflix e concorreu em várias categorias do Oscar. Somente nesta segunda vez, percebi relações do filme com um conceito de Nietzsche. Antes de mais nada, aviso que, sim, há spoilers. Discutir as ligações entre “A chegada” e Nietzsche exige que falemos do desfecho da narrativa. A partir daqui, é por sua conta e risco. Em “A chegada”, a Dra. Louise Banks tenta se comunicar com dois dos alienígenas (denominados heptapods) que pousaram suas naves em vários lugares do mundo. Ao experimentar a linguagem escrita, a Dra. é respondida pelos heptapods com logogramas, símbolos círculares que expressam uma linguagem não-linear, sem começo nem fim. Se você conhece um pouquinho de Nietzsche (mesmo tão pouco quanto eu) já deve ter sacado onde quero chegar. Nem começo nem fim, símbolos circulares… Sim, o ouroboros. O ouroboros é um símbolo bastante antigo que consiste em uma serpente (ou dragã...

Algumas palavras sobre "O datilógrafo do gueto", de Ferréz

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 Por Iago Ramon Möller Conheci Ferréz por acaso, ao passear pelas prateleiras da biblioteca de minha universidade e encontrar "Capão pecado". A leitura da obra me fez fã do autor. Passei a acompanhar seus posicionamentos nas redes sociais e não hesitei em apoiá-lo quando surgiu a campanha de financiamento do livro "O datilógrafo do gueto". Colaborei com Ferréz entre agosto de 2018 e setembro de 2019, quando precisei cancelar meus apoios por razões financeiras. Em março deste ano, tive a boa surpresa de receber a edição final de sua nova obra. As 195 páginas de letras e poemas vieram acompanhadas de um autógrafo do autor e de um marcador de páginas com a arte do livro. Nesta obra, o romancista, contista, poeta e letrista de Capão Redondo reúne novos poemas e antigas letras escritas para seus grupos de Rap. Sendo assim, o livro me soa uma boa apresentação, uma espécie de portfólio do artista. Ao pegar um trabalho como "O datilógrafo do gueto" nas mãos e me p...