INCERTEZA VIVA- 32ª Bienal de São Paulo
No dia 7 de setembro, iniciou a 32ª Bienal de São Paulo - INCERTEZA VIVA que se propõe a
observar as noções de incerteza e as estratégias oferecidas pela arte
contemporânea para abarcá-la ou habitá-la. Enquanto a estabilidade é
compreendida como uma cura para a angústia, a incerteza geralmente é evitada ou
recusada. As artes, contudo, sempre jogaram com o desconhecido.
Esta Bienal, na qual
participam mais de 80 artistas internacionais, ocorre no pavilhão emblemático de arquitetura moderna brasileira,
projetado por Oscar Niemeyer no parque Ibirapuera.
Para quem não pode viajar a
visitá-la, deixamos a dica de conhecer o site no qual se encontra toda a informação sobre a exposição, artistas, programação, processos e material
educativo.
Dentre os artistas, encontra-se o brasileiro Dalton Paula.
Em sua obra, objetos são destituídos de suas funções originais para se tornarem suporte da pintura. Primeiro as enciclopédias, antigas detentoras de um conhecimento universalista, tiveram suas capas sobrepostas por representações de sujeitos e saberes comumente omitidos em seu conteúdo, como negros e indígenas. Agora esse procedimento se repete sobre um conjunto de alguidares, pratos cerâmicos que recebem a comida e também as oferendas em rituais de religiões afro-brasileiras. Com a pintura em seu interior, esses objetos confrontam os discursos hegemônicos da arte e da política, buscam novos personagens e reencenam passagens de nossa história.
Piracanjuba, em Goiás, Cachoeira, no Recôncavo Baiano, e Havana, em Cuba, são cidades produtoras de tabaco. Essa atividade econômica remonta ao passado colonial e à migração de africanos escravizados nas Américas. Paula viajou aos três pontos dessa Rota do tabaco (2016) para pesquisar como essa herança se apresenta hoje. Encontrou desde a precariedade dos meios de trabalho nas fábricas de cigarrilhas até o uso dos charutos como ícone da revolução comunista. No vasto imaginário retratado, o fumo é um contexto omitido que revela o contraste entre corpos negros e roupas brancas, entre a invisibilidade da cultura afro-brasileira, e os legados de cura – medicinal e espiritual – extraídos do tabaco.
Visite e encontre toda a informação: http://www.32bienal.org.br/
Comentários
Postar um comentário