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Mostrando postagens de junho, 2020

“A Fuga”, de Clarice Lispector

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Por Gustavo Amaral da Cruz Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1920 com o nome de Chaya Pinkhasovna Lispector (em russo, Хая Пинхасовна Лнспектор). Emigrou para o país ainda criança com a família, fugindo da perseguição após a Guerra Civil Russa, em 1922. Naturalizada brasileira, a escritora, que se identificava como “brasileira e pernambucana”, publicou, entre 1940 e 1977, um total de 22 livros, entre contos, romances, crônicas e outros textos em prosa. O conto A Fuga foi escrito pela autora na década de 1940, sendo publicado apenas postumamente na obra A Bela e a Fera , em 1979, ocupando 23 parágrafos que descrevem, em terceira pessoa, o conflito e a inadequação de uma personagem não nomeada em meio ao cotidiano que à espanta. Lispector escolhe apresentar esse espanto com uma impactante, mas simples, frase de introdução: “Começou a ficar escuro e ela teve medo”. Em seguida, são descritas com detalhes a angústia do momento que a protagonista vivencia e a fria umidade de uma ch...

"Amor", de Clarice Lispector

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Por  Angela Litwinczyk Machado      O conto "Amor", do livro Laços de Família, de Clarice Lispector, são 12 páginas que têm o poder de nos arrancar do mundo material e nos convidam a refletir sobre a essência do que nos rodeia. Mas o que é importante, e que não pode ser esquecido quando contemplamos qualquer obra desta brilhante escritora, é que, mesmo o conto sendo pequeno, é necessário lê-lo minuciosamente, interpretando palavra por palavra e até a pontuação. Muitas das conclusões que tiramos deste texto podem mudar nosso jeito de pensar, agir e ser.      Apropriando-nos dos contextos que nos cercam, propicia uma reflexão onde muitas de nossas relações estão alicerçadas nas aparências devido às redes sociais. "Amor" nos faz entender que, muitas vezes, a aparência é capaz de enganar a nós mesmos: de tanto mostrar aos outros que somos felizes, passamos a acreditar nisso, quando, na verdade e em essência, não somos.      O conto tem, como...

A dona Laura de "A Imitação da Rosa"

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Texto construído por Gloria Sofia Adam a partir da leitura de "A Imitação da Rosa", c onto presente na c oletânea “Laços de Família”, 1960, de  Clarice Lispector.      Laura, dona Laura, a espera de seu marido, pronta e arrumada, com seus cabelos e pele castanha, modo neutro, sem ser percebida por exagerar e se destacar, mas bonita conforme o exigido. Espera e imagina como vão se sentir na ida à janta na casa de Carlota e João, onde ninguém a notará e respeitará o seu silêncio e falta de brilho no olhar. O seu marido poderá ter um momento seu para falar com outro homem, um momento de paz de sua mulher.      Laura vive conforme sua normalidade, ela não precisa fingir estar bem pois o médico a disse que ela está bem. A receita dizia para se lembrar de não se esforçar para conseguir, respeitar a ordem.      A casa de Laura é o reflexo do que ela supostamente gosta, de ser impessoal, do que o externo lhe impõem como verdade com a casa vazia ...