"Felicidade clandestina", de Clarice Lispector
Por Emillyn Francine da Silva Lopes
Ao ter contato com os trabalhos
de Clarice que nos remetem acontecimentos de sua vida e expressam cada
sentimento vindo de seu interior, podemos sentir o quanto ela era incrível, uma
mulher e escritora admirável, que se mostrava forte e independente, indo sempre
atrás de seus anseios e objetivos, e que era muito comprometida com suas obras,
depositando emoção em cada trecho.
Com “Felicidade
Clandestina”, não poderia ser diferente: a escritora apresenta, em seu livro,
25 contos escritos ao longo de sua vida, os quais relatam a infância, a adolescência
e o amor. Diversas obras presentes no livro são autobibliográficas, onde
Clarice realizava uma autoanalise e rememorava as fases e momentos marcantes em
sua vida. As historietas são passadas entre Rio de Janeiro e Recife, ambientes
importantes onde Clarice viveu.
Uma das crônicas presentes
no livro foi aquela que deu nome à obra, sendo esta narrada por uma das
personagens e nos levando a perceber que foi um dos episódios vividos pela
própria autora. Ela conta a história de duas meninas: uma das protagonistas é individualista
e filha de um dono de livraria, que não aproveita o que tem em mãos e ainda
tenta ser má, enchendo de esperança a segunda personagem, que queria muito ler
um dos livros que a primeira possuía. A menina má sempre vinha com uma desculpa
pronta para não o emprestar, até que sua mãe, tomando ciência e se mostrando surpresa
com os ocorridos, entrega-o à narradora.
Dessa forma, a menina se vê
no “céu” e, agora, pode desfrutar do seu sonho. Ela lê com calma e, às vezes,
até finge não saber onde o havia guardado para ter o gostinho de encontrar a
sua felicidade clandestina, escondida nos minúsculos detalhes.
Percebo que a obra em
discussão, assim como muitas outras, carrega parte da bagagem da autora, pois a
personagem tem o prazer de saciar as curiosidades e os desejos promovidos pela
leitura após se sentir ignorada e rejeitada por sua companheira de trama.
“Felicidade clandestina” faz refletir sobre os pequenos prazeres da vida, que
devemos degustar e aproveitar com toda satisfação possível.
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