Resenha do artigo "Uma análise estrutural e narrativa da arte sequencial por trás da revista Heavy Metal"
Artigo: Uma análise estrutural e narrativa da arte sequencial por trás da revista Heavy Metal
Autor: Gustavo Amaral da Cruz (Designer Gráfico)
Resenha por Bruno Eduardo da Silva
O objeto de estudo deste artigo – realizado como Trabalho de Conclusão de Curso de Design Gráfico - foi a revista “Heavy Metal”, um projeto que surge na década de 70 no século XX, destacando-se mundialmente pelas suas ilustrações e narrativas. A proposta de análise dessa pesquisa foi identificar a estrutura sequencial da narrativa por trás das concepções de publicação, proposta que precisou levar em conta as concepções de autores da área da arte sequencial e da linguagem narrativa.
O artigo aborda o contexto do surgimento das “literaturas populares” e o seu público de consumo. Na sua gênese de criação, as preocupações dos editores eram manter um produto de fácil acesso, tanto em termos de linguagem quanto em sentido monetário. Os desdobramentos de tal gênero ganham leitores vorazes no decorrer do século XX por, justamente, se tratar de um material de “leitura rápida”. Porém, a questão estava em como os produtores faziam para que a revista em quadrinhos se tornasse um produto tão atraente entre o público adulto e demais leitores.
A partir de uma análise estruturalista da linguagem, o estudo propõe analisar tal produção nas suas relações culturais no interior de seu texto e com o meio (leitores). Assim, surgem os códigos do discurso que servem como técnica de relação entre os sujeitos da revista. Esses códigos ficam expressos não só no corpo textual, mas também no imagético. O desenho ou a imagem é uma forma de expressão, que se introduz de forma popular nas revistas a partir de 1900. Porém, só por volta dos anos de 1970 é que eles conquistam o público adulto, isso porque suas gerações anteriores consumiam durante a infância as histórias em quadrinhos, geralmente com temáticas voltadas a personagens “heróis”, que se relacionavam com acontecimentos da realidade e ficção.
Para que os objetivos narrativos da revista sejam de sucesso, o narrador precisa levar em conta todo um processo de planejamento, que comtempla ferramentas de estudo e análise, não só sobre a técnica de criação, mas também a relação para com seu público. A abordagem da arte sequencial envolve uma comunicação continua entre o roteiro e a arte que o ilustra, dentro de uma lógica que organiza os pensamentos do produtor, um ponto fundamental no inicio do processo de criação. O que a pesquisa aborda neste ponto é que, justamente, não basta sair desenhando em quadros ou criando narrativas textuais, é necessário todo um estudo prévio sobre o público e como narrar algo para este.
A pesquisa trás uma análise da saga “The Incal light”, que cria em cima da realidade, apresentando uma sociedade ficcional que figura personagens e cenários ficcionais, mas que não deixam de apontar criticas sobre o período histórico da revista (Guerra Fria). Essa relação, para além de uma analogia que, em certo ponto, não deixa de conter anacronismos, pertence a um tipo de linguagem que tem, na expressão, a sua liberdade para criar e se inspirar no que ela desejar, neste caso a história e os acontecimentos contemporâneos no mundo, assim como “The White nightmare” e “Wounded Knee”, que levam uma série de temáticas, percebendo, através de suas estruturas, a intenção e os objetivos dos narradores e a preocupação com o público adulto, seu maior consumidor, com elementos fantásticos, que fogem da realidade, temas que abordam guerras e sexualidade e conflitos que interessam e “prendem” a atenção do leitor através do seu conjunto (texto e imagem).
Por fim, o estudo aponta a temática da revista, o “Heavy Metal”, como reagente da cultura a sua volta e trás a provocação para sua análise não só no campo da linguagem ou da comunicação, mas no contexto multidisciplinar. Até mesmo a História poderia se servir desta fonte como objeto de análise para pesquisar as temáticas e os conceitos abordados pela revista, que destaca períodos e civilizações da História, ou mesmo o próprio campo das Artes Visuais, explorando a expressão e a criação dos desenhos.
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