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Mostrando postagens de agosto, 2020

Arte, educação e cultura: Textos de Ana Mae Barbosa

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Por Vitor Macedo A arte/educadora Ana Mae Barbosa foi pioneira no ensino da arte no Brasil. Graças a ela, hoje temos um estudo aprofundado e mais significativo do tema. A arte/educação estudada e desenvolvida por Ana Mae não surgiu do dia para a noite, foram anos de trabalho e pesquisa realizados pela doutora tanto dentro do Brasil como em instituições fora dele. Em um compilado de textos chamado “ARTE, EDUCAÇÃO E CULTURA”, Barbosa constrói uma série de reflexões e abordagens em relação ao papel do arte/educador dentro de sala de aula. Para Ana Mae, a Educação poderia ser o mais efetivo caminho para desenvolver e estimular uma consciência cultural em nós, educadores e educandos, enquanto indivíduos. Primeiramente, deveríamos começar reconhecendo e apreciando nossa cultura local, isso é, todas as manifestações em nosso entorno. Entretanto, conforme Barbosa coloca, a educação formal em que estamos inseridos é dominada por códigos culturais europeus e, assim, acabamos sendo estimulados a ...

Uzumaki: O terror em espiral de Junji Ito

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Por Vitor Macedo O autor de mangás Junji Ito pode ser considerado uma espécie de Stephen King japonês. Uzumaki é uma das suas obras mais famosas. Nela, o autor explora o tema de “espirais” através de diversos contos de terror. A história narra acontecimentos bizarros de uma cidade, até então pacata. Os personagens passam a encontrar espirais em todos os lugares da cidade, desde caracóis até nuvens no céu que lembram esse formato. Ao longo da narrativa, Junji Ito distorce a realidade por meio de simples detalhes, o que torna o terror ainda mais bizarro. Os elementos usados pelo autor fazem parte do cotidiano e este consegue explorá-los muito bem para criar uma história de terror que foge dos padrões ocidentais, que encontramos no cinema, por exemplo. Nas mais de 600 páginas, conhecemos personagens que sofrem, direta e indiretamente, com a “maldição das espirais”. Aos poucos, a cidade inteira passa a sofrer com esses acontecimentos. A história inicia e apresenta lentamente os conceitos q...

"A hora da estrela", de Clarice Lispector

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Autora: Clarice Lispector Editora: Rocco Ano: 2008 Páginas: 88 Texto por Natália Berriel da Silva Sinopse A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S.M. (um alter-ego de Clarice Lispector), de modo que os leitores acompanhem o seu processo de criação. À medida que mostra esta alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia, desprovida de qualquer encanto e incapaz de comunicar-se com os outros, ele conhece um pouco mais sua própria identidade. A descrição do dia-a-dia de Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final com a cartomante estão sempre acompanhados por convites constantes ao leitor para ver, com o autor, de que matéria é feita a vida de um ser humano. Resenha Clarice iniciou o romance "A Hora da Estrela" enquanto enfrentava um câncer de ovário e o concluiu logo antes de seu falecimento. É uma de suas poucas...

"O correio feminino", de Clarice Lispector

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Por Ailton Siqueira Incomodado. Foi assim que me senti ao percorrer cada página da obra Correio Feminino, de Clarice Lispector, livro póstumo da escritora. Ler este livro em 2020, ano do centenário de nascimento de Clarice, causa tamanho desconforto por ir de encontro ao que os debates feministas atuais consideram como politicamente correto.  Contextualizando um pouco a construção do livro, trata-se de um apanhado de artigos escritos por Clarice principalmente entre as décadas de 1950 e 1960, assinados pelos pseudônimos de Helen Palmer, Tereza Quadros e Ilka Soares para os jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite. Por questões pessoais (a maior parte delas financeira), Clarice aceitou publicar textos que retratam a mulher da época usando tais pseudônimos, provavelmente para não associarem a escritora às personagens ou por ter sido um dos requisitos da própria equipe dos jornais.  A obra, organizada pela doutora em Literatura Brasileira Aparecida Maria Nunes, está or...

O "Eu" de Clarice Lispector

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Resenha escrita por Bruna Furquim Clarice Lispector nasceu na Ucrania em 1920. Batizada de Haya Pinkhasouna Lispector, morreu em 1977 na cidade do Rio de Janeiro por conta de um câncer de ovário. Descendente de judeus, seus pais fugiram da guerra civil russa em 1921, vindo para o Brasil e passando por Maceió, Recife e Rio de Janeiro. O seu pai utilizou o nome “Clarice” para ocultar a origem da filha. Esta, posteriormente, se naturalizou brasileira, considerando-se pernambucana. Ao longo da vida, a escritora estudou diversas línguas e piano. Dentre os diversos prêmios que recebeu em vida, estão o Prêmio Graça Aranha e Prêmio Fundação Cultural do Distrito Federal. Em 1977, no programa panorama da TV Cultura, o apresentador questiona a origem de seu sobrenome “Lispector”. Enquanto fumava seu cigarro de pernas cruzadas e com a testa franzida, a autora contou que também havia questionado seu pai. Acreditava que o sobrenome deveria ter “rolado” e, com o tempo, perdido algumas sílabas até...